As pessoas são mais felizes no verão?
“Existe um neurotransmissor chamado melatonina, responsável pelo sono. Quando há muita claridade, cai a produção desse hormônio, por isso ficamos mais tempo acordados. A luz ainda estimula a fabricação de serotonina, um neurotransmissor que controla o apetite, o humor, a energia e nosso bem-estar mental”, explica Jô Furlan, médico e pesquisador na área da neurociência do comportamento.
O doutor em Psicologia John Grohol, fundador do PsychCentral.com, referência na área de comportamento e saúde mental nos Estados Unidos, reconhece em seu site os dois lados do impacto do clima sobre o bem-estar mental. “A ‘depressão de inverno’ (ou ‘tristeza de inverno’) é um mal comum para aqueles que vivem no clima do norte [do planeta] . Até 5% da população [nos Estados Unidos] pode sofrer disso”, ele descreve no PsychCentral, associando a condição a “sentimentos de tristeza e depressão nos meses de inverno, quando as temperaturas caem e os dias são menores”.
Uma pesquisa conduzida pela revista inglesa New Scientist em 2003, com 65 países, corrobora a tese do país tropical: o estudo considerou a Nigéria o país com a população mais feliz do mundo, mesmo com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos mais baixos do planeta, sucessões presidenciais turbulentas e um poder de compra per capita pífio. Mas eles têm sol. “Há outros fatores apontados no estudo para explicar a felicidade de uma nação. O sol é dos principais – o segundo e o terceiro países mais felizes, México e Venezuela, também ficam nos trópicos”, diz Dirce. O Brasil não foi pesquisado.
Cultura e saúde
Acordar e ver o dia ensolarado e de céu azul, além de desencadear uma reação biológica, envolve também um componente cultural. “Fomos educados para concluir que um dia bonito será um dia feliz. Por isso, um dia cinzento é associado a um dia tenebroso”, aponta Furlan.
A maior disposição para atividades externas e para pegar sol acaba sendo bastante positiva para a saúde, uma vez que uma maior exposição à luz solar estimula a produção de vitamina D, substância diretamente conectada à produção de cálcio e ao controle da pressão arterial, entre outros benefícios. Mas nada de ficar horas torrando ao sol: dez a quinze minutos diários já são o suficiente para repor o nutriente no nosso organismo.
Nem tudo azul
Mas as temperaturas mais elevadas também podem incomodar algumas pessoas, estragando o prazer dos dias mais claros e longos. A gerente de marketing Eliane Nunes, 38, é uma das que sofrem nesse período. “Os dias mais bonitos não influenciam o meu humor. A razão é que eu realmente passo mal no calor, detesto a sensação de ficar transpirando, durmo mal e tenho alergia a ar condicionado”, enumera.
Eliane até curte menos esses dias porque não se aventura a ir a locais ao ar livre ou sem ar condicionado antes, durante e depois. “O único jeito de estar feliz no verão é dentro de uma piscina. Como não dá pra ficar sempre, eu conto os dias para a chegada do inverno porque prefiro o frio natural ao ar condicionado”.
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iG
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