23 de fev. de 2013

As pessoas são mais felizes no verão?

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Céu azul: “fomos educados para
 associar um dia bonito a um dia feliz”
Não à toa, “Summertime” – uma das mais famosas canções norte-americanas, composta em 1935 e regravada dezenas de vezes – vaticina: “qualquer manhã destas, você vai acordar cantando”. Se você tem uma sensação de que o verão é a estação mais animada do ano, a ciência explica. Dias mais longos e iluminados são mesmo capazes de alterar a disposição.

“Existe um neurotransmissor chamado melatonina, responsável pelo sono. Quando há muita claridade, cai a produção desse hormônio, por isso ficamos mais tempo acordados. A luz ainda estimula a fabricação de serotonina, um neurotransmissor que controla o apetite, o humor, a energia e nosso bem-estar mental”, explica Jô Furlan, médico e pesquisador na área da neurociência do comportamento.


O doutor em Psicologia John Grohol, fundador do PsychCentral.com, referência na área de comportamento e saúde mental nos Estados Unidos, reconhece em seu site os dois lados do impacto do clima sobre o bem-estar mental. “A ‘depressão de inverno’ (ou ‘tristeza de inverno’) é um mal comum para aqueles que vivem no clima do norte [do planeta] . Até 5% da população [nos Estados Unidos] pode sofrer disso”, ele descreve no PsychCentral, associando a condição a “sentimentos de tristeza e depressão nos meses de inverno, quando as temperaturas caem e os dias são menores”.

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Disposição para ficar à vontade 
aumenta nos dias quentes
Ligados ao humor das pessoas, a incidência de luz e o calor podem acabar influenciando até mesmo a identificação cultural de um povo. Para Dirce Katayama, especialista em dinâmica energética do psiquismo e programação neurolinguística, a fama de animado do brasileiro se deve ao maior índice de dias ensolarados que temos graças à posição no globo. “Todos os países localizados nas regiões entre os trópicos têm povos muito alegres, com uma dança mais festiva, mais cheia de vida”, explica.
Uma pesquisa conduzida pela revista inglesa New Scientist em 2003, com 65 países, corrobora a tese do país tropical: o estudo considerou a Nigéria o país com a população mais feliz do mundo, mesmo com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos mais baixos do planeta, sucessões presidenciais turbulentas e um poder de compra per capita pífio. Mas eles têm sol. “Há outros fatores apontados no estudo para explicar a felicidade de uma nação. O sol é dos principais – o segundo e o terceiro países mais felizes, México e Venezuela, também ficam nos trópicos”, diz Dirce. O Brasil não foi pesquisado.
Cultura e saúde
Acordar e ver o dia ensolarado e de céu azul, além de desencadear uma reação biológica, envolve também um componente cultural. “Fomos educados para concluir que um dia bonito será um dia feliz. Por isso, um dia cinzento é associado a um dia tenebroso”, aponta Furlan.
A maior disposição para atividades externas e para pegar sol acaba sendo bastante positiva para a saúde, uma vez que uma maior exposição à luz solar estimula a produção de vitamina D, substância diretamente conectada à produção de cálcio e ao controle da pressão arterial, entre outros benefícios. Mas nada de ficar horas torrando ao sol: dez a quinze minutos diários já são o suficiente para repor o nutriente no nosso organismo.

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Sol: exposição é essencial 
para produção de vitamina D
“No verão, quando os dias são mais longos e luminosos, temos mais vontade de sair e interagir”, avalia Débora Gilbertoni, coach da empresa Personalité Coaching. A pediatra intensivista Renata Montanari, 31, concorda. “Pode notar que nos dias quentes a gente vê os bares lotados em plena segunda feira e os prontos-socorros vazios”.
Nem tudo azul
Mas as temperaturas mais elevadas também podem incomodar algumas pessoas, estragando o prazer dos dias mais claros e longos. A gerente de marketing Eliane Nunes, 38, é uma das que sofrem nesse período. “Os dias mais bonitos não influenciam o meu humor. A razão é que eu realmente passo mal no calor, detesto a sensação de ficar transpirando, durmo mal e tenho alergia a ar condicionado”, enumera.
Eliane até curte menos esses dias porque não se aventura a ir a locais ao ar livre ou sem ar condicionado antes, durante e depois. “O único jeito de estar feliz no verão é dentro de uma piscina. Como não dá pra ficar sempre, eu conto os dias para a chegada do inverno porque prefiro o frio natural ao ar condicionado”.


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